O que é?
Você sabia que 43% da população brasileira sofrem algum tipo de distúrbio do sono e apresentam sinais de cansaço durante o dia? É muita gente! Todas essas pessoas têm a qualidade de vida afetada e costumam apresentar alterações de humor, memória, aprendizado, raciocínio e pensamento. Entre os distúrbios do sono mais comuns, está a apneia. Trata-se de uma doença em que a pessoa para de respirar, por alguns segundos, enquanto dorme. Isso acontece repetidas vezes na mesma noite.
A mais comum é a chamada Apneia Obstrutiva do Sono (AOS). Nela, as vias respiratórias do paciente se fecham, impedindo a passagem do ar. Quando isso acontece, o cérebro automaticamente envia uma mensagem para o indivíduo acordar, retomando a respiração. O problema é que isso acontece várias vezes durante a noite.
Já na Apneia Central do Sono (ACS), o problema não está nas vias respiratórias, mas no cérebro, que para de transmitir os sinais para os músculos responsáveis pela respiração. Esse tipo de apneia é menos comum, porém traz os mesmos transtornos para a vida do paciente.
Causas
Na AOS, a principal causa é a obstrução dos canais respiratórios superiores. Fatores como obesidade, amígdalas inchadas e circunferência grossa do pescoço podem causar o fechamento das vias respiratórias durante a noite. Alterações congênitas do crânio e da estrutura facial, como na mandíbula, também podem causar a apneia obstrutiva. Outra causa, menos comum, é a falta de tônus muscular das vias respiratórias durante o sono, como ocorre nas doenças neuromusculares.
Já na ACS, como explicamos, o problema está no cérebro do paciente. Entre elas, as sequelas de um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Tumores cerebrais e infecções causadas por vírus no cérebro também podem causar este tipo de apneia. Até mesmo uma lesão no tronco (pancada) pode ocasionar a doença.
Sintomas
Como a apneia se manifesta durante o sono, pode ser difícil identificar os sintomas. Mas é possível identificar as características que interferem na qualidade do sono, tais como dificuldade para adormecer ou permanecer adormecido; sentir muito sono durante o dia e dormir em momentos inapropriados devido ao cansaço; e tempo total de sono muito longo, já que o paciente acorda várias vezes durante a noite para retomar a respiração.
Se você percebe que acorda várias vezes durante a noite, mesmo que por alguns segundos, fique alerta. Acordar assustado durante a noite também pode ser um indicativo da doença. Perceba se esses sintomas estão acompanhados de alterações comportamentais durante o dia, oriundas de uma noite mal dormida, como mau-humor, perda de memória, falta de rendimento no trabalho,dor de cabeça, irritabilidade e depressão.
Caso tenha algum(a) parceiro(a) que dorme com você, pergunte se você tem roncado durante a noite ou se apresenta inquietação na cama, mudando de posição por muitas vezes. Estes também são sintomas clássicos da apneia.
Diagnóstico
A primeira etapa consiste no agendamento de uma consulta com um médico pneumologista, para relato dos sintomas e anamnese do paciente. São grandes as chances de o paciente ser encaminhado para um centro de distúrbios do sono, onde exames mais completos podem ser solicitados para confirmar o diagnóstico.
Nesses centros, geralmente o paciente é submetido a uma avaliação noturna, ou seja, é necessário que o paciente pernoite no centro clínico. Sua respiração e outras funções do corpo serão monitoradas durante o período de sono. A este exame, dá-se o nome de polissonografia noturna.
Durante o exame, o paciente é conectado a aparelhos que monitoram as funções respiratórias, do cérebro e do coração, além dos movimentos dos braços, pernas e os níveis de oxigênio do sangue.
Tratamento
O tratamento da apneia do sono varia de acordo com o grau do distúrbio, que pode ser classificado entre leve, moderado ou severo. E o tratamento também vai depender da causa da apnéia (obesidade, má- formação do crânio ou face; alteração do tônus muscular das vias respiratórias ou demais causas de origem central) .
Os casos mais leves geralmente ocorrem devido à respiração errada do paciente, que é feita pela boca, em vez do nariz. O tratamento consiste no uso de dilatadores das narinas e/ou aparelhos ortodônticos feitos sob medida para o paciente que possui mandíbulas curtas. Eles projetam a ossatura ou abaixam a língua, facilitando a passagem de ar.
Nos casos moderados ou graves , é indicado o uso de um aparelho chamado CPAP, que resolve as pausas da respiração durante o sono. Trata-se de uma máscara que cobre o nariz e a boca, causando uma pressão positiva contínua nas vias aéreas. O tratamento é considerado o padrão-ouro da apneia do sono.
Também para os casos severos, a cirurgia pode ser uma opção. Cirurgias no nariz ou na cavidade óssea ou a remoção de amígdalas e adenóides, sendo as duas últimas mais eficazes em crianças.
Apneia x Ronco
Apneia e ronco são a mesma coisa?
Não! O ronco é o barulho provocado pela passagem de ar no indivíduo durante o sono, e pode ser causado pelo estreitamento e pela obstrução parcial das vias aéreas superiores. Já a apneia é caracterizada por breves e repetidas pausas da respiração durante o sono, cuja obstrução do processo respiratório pode durar alguns segundos. O cérebro, então, envia um sinal para que o indivíduo acorde e volte a respirar.